
A escolha do argentino Jorge Bergoglio para o posto mais alto da
Igreja Católica rendeu fama ao chimarrão este ano. Assim como o Papa,
quem quiser preparar a bebida vai precisar desembolsar mais até o final
do ano. A
matéria-prima do chimarrão já está mais cara no Estado e deve ficar mais rara também nos supermercados até dezembro.
Desde janeiro, o preço da
erva-mate
calculado pelo Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (Iepe/UFRGS)
teve alta de 31,11%. Em quatro anos, está custando o dobro. A má notícia
é que o valor deve subir
outros 30% até dezembro, com
risco de faltar produto para venda no varejo. Pelo menos, esse é o
cenário que desenha o presidente do Sindicato da Indústria do Mate do
Rio Grande do Sul (Sindimate), Alfeu Straon. A situação é reflexo de
um momento crítico no cultivo da matéria-prima do chimarrão no Estado.
O
baixo preço pago nos últimos anos, combinado com a valorização de
culturas como a soja, provocou um certo abandono do cultivo pelos
produtores. Straon estima uma redução de 30% da área plantada no
Estado na última década, ando de aproximadamente 39 mil hectares
para 30 mil hectares em 2012. Com isso, está faltando erva para a
indústria. Somado ao período de menor rendimento da planta, entre
setembro e outubro, a perspectiva é de oferta restrita do produto até o
final do ano.
– Estamos chegando ao fundo do poço. Além da área
plantada, houve também uma redução da produtividade – explica. A média
hoje das lavouras do Rio Grande do Sul é de aproximadamente 10 mil
quilos por hectare, enquanto o ideal seria ao menos o dobro.
Consumidor teme, produtor festeja
Enquanto
o consumidor paga mais, os 13 mil produtores do Estado comemoram o
aumento nos ganhos. Há um ano, o valor pago pela arroba de erva-mate
(cerca de 15 quilos) não ultraava os R$ 7. Hoje chega a R$ 20, quase
três vezes mais.Com o estímulo da melhor remuneração, Straon estima
investimento maior na cultura, mas as melhorias devem demorar pelo
menos dois anos para ter reflexo no bolso do consumidor.
– A
erva-mate é uma cultura que leva pelo menos seis anos para produzir de
forma viável. Com o início da valorização, neste ano, voltou a se
plantar, mas vai demorar a ter retorno. No curto prazo, vai haver uma
melhora na produtividade, mas a situação deve continuar complicada por
mais três, quatro anos – estima o representante do Sindimate.
Por enquanto, o presidente da
Associação Gaúcha de Supermercados (Agas),
Antônio Cesa Longo, diz que a entidade não foi comunicada pelo setor de
possíveis dificuldades de abastecimento nos próximos meses.
Evolução (kg)
Julho 2009: R$ 4,33
Julho 2010: R$ 4,82
Julho 2011: R$ 5,44
Julho 2012: R$ 6,08
Julho 2013: R$ 8,68
Fonte: Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (IEPE/UFRGS)