Segundo estudo, proteína em excesso na meia idade quadruplica risco de morte por câncer t2b35
Aquele bife grelhado aparentemente inofensivo pode ser tão mortal
quanto um cigarro. Um novo e amplo estudo acompanhou adultos por quase
duas décadas e revelou que uma dieta rica em proteínas animais durante a
meia idade pode quadruplicar as chances de morrer de câncer, um risco
comparável ao do fumo.
Além do maior risco de morte por câncer, as pessoas de meia idade que
consomem uma grande quantidade de proteína animal — incluindo carne,
leite e queijo — também são mais suscetíveis a morte precoce em geral,
revela o estudo publicado na "Cell Metabolism". Elas também são muito
mais propensas a morrer de diabetes.
— A grande maioria dos americanos poderia diminuir seu consumo de
proteína. A melhor mudança a se fazer seria reduzir a ingestão diária de
proteínas, sobretudo as derivadas de animais — afirma um dos coautores
do estudo, Valter Longo, professor de gerontologia da Universidade do
Sudeste da Califórnia e diretor do Instituto da Longevidade.
Mesmo quem come uma quantidade moderada de proteína apresenta um
risco três vezes maior de morrer de câncer do que aqueles que comem
pouca proteína, revela o estudo. De forma geral, pequenas reduções na
quantidade de proteína ingerida diariamente podem reduzir o risco de
mortalidade precoce em 21%.
Mas a quantidade de proteína considerada ideal ainda é um tema
bastante controverso, especialmente pela popularidade de dietas ricas em
proteínas como a paleolítica e a atkins. Embora, a curto prazo, essas
dietas funcionem, segundo Longo, elas podem estar levando a uma
deterioração da saúde a médio e longo prazo.
No estudo, os cientistas definem uma dieta "rica em proteína" como
aquela em que pelo menos 20% das calorias ingeridas provêm de proteínas.
A alimentação pobre em proteína teria menos de 10%. O ideal, diz o
cientista, seria seguir as recomendações das principais agências de
saúde do mundo e consumir cerca de 0,8 grama de proteína por quilo de
seu peso total por dia — algo como 55 gramas para uma pessoa de cerca de
70 quilos.
De acordo com Longo, o problema é que um número crescente de pessoas
em nações desenvolvidas e em desenvolvimento come duas ou três vezes
mais do que isso, sendo que boa parte vem de proteína animal e não de
vegetal, como sementes, feijões e castanhas. Os pesquisadores
descobriram que as proteínas de origem vegetal não têm o mesmo efeito
sobre a mortalidade que as proteínas animais. O risco de câncer e morte
precoce também não parece ser alterado por dietas pobres em carboidrato
ou gorduras, indicando que a proteína animal é mesmo a maior culpada.
— Quase todo mundo vai ter uma célula cancerosa ou celular
pré-câncerosa em algum momento da vida. A pergunta é: será que ela vai
progredir? Um dos principais fatores para determinar se isso vai
acontecer ou não é a ingestão de proteínas — disse Longo.
Necessidades diferentes ao longo da vida
Mas as recomendações não valem para todas as fases da vida. Diferente
do que fazem muitos estudos, que consideram a vida adulta como um
período único, a pesquisa de Longo examinou mais de perto as mudanças
que ocorrem em nosso organismo à medida que envelhecemos. Estudando
dados sobre o consumo de proteína ao longo de muitos anos, os cientistas
concluíram que o que é bom para uma faixa etária pode ser ruim para
outra.
Isso porque a proteína controla o hormônio do crescimento IGF -I, que
ajuda o nosso corpo a crescer e tem sido associado ao risco de câncer.
Os níveis de IGF -I caem drasticamente após os 65 anos, causando
fragilidade e perda de massa muscular. Segundo o estudo, apesar da
proteína ser muito prejudicial durante a meia idade, ela é protetora
para os mais velhos e os torna menos suscetíveis ao câncer.
— A pesquisa mostra que uma dieta com pouca proteína na meia idade é
útil para prevenir o câncer e a mortalidade em geral, pois regula o
IGF-I e, possivelmente, os níveis de insulina. No entanto, nós também
propomos que em idades mais avançadas o seu consumo pode ser importante
para manter um peso saudável e proteger da fragilidade — afirma outra
co-autora do estudo, Eileen Crimmins.
Fonte:BEM-ESTAR
Postado por:Elisete Bohrer