Por Luciana Vicente A segurança pública e uma operação da policia civil são temas de “Banguela” (Editora Kiron), livro de estreia do jornalista Marcio Pêssoa, com lançamento, nesta terça, dia 14, a partir das 18h, na livraria Palavraria (Vasco da Gama, 165). O romance, uma combinação de jornalismo investigativo e literatura, mostra os bastidores da maior operação policial da história do Rio Grande do Sul e do esforço de integração entre as estruturas do setor para prender um bandido que foi, por mais de meia década, o número um do Estado. Quando ainda era repórter da Rádio Guaíba, entre 2001 a 2005, Pêssoa acompanhou de perto as ações policiais na busca de José Carlos dos Santos, conhecido como “Seco”. Mesmo indo estudar e trabalhar na Alemanha, não deixou de se interessar pelo caso. Foi com a prisão do procurado, em 2006, que resolveu escrever o livro. Em seguida, voltou ao Brasil somente para levantar informações e conversar com os envolvidos. Entrevistou policiais, vítimas e bandidos, além de viajar por várias cidades. Ao voltar para a Europa, ele confrontou todas as informações e ouviu mais 50 horas de gravações. “O que está no livro é resultado de detalhado cruzamento de dados. O que não consegui apurar como verdadeiro, deixei de lado”, pontua. O jornalista inventou nomes fictícios para os personagens envolvidos e recombinou acontecimentos para proteger suas fontes. Também com essa intenção usa recursos da literatura fantástica ao mostrar o ponto de vista de seres inanimados, como um quadro, as câmeras de segurança, um documento ou um gabinete. Criou também um jornal fictício, chamado Carta Popular, que serve como um contraponto na narrativa, com as matérias colocadas entre os capítulos. Sua proposta é mostrar o comportamento da mídia em coberturas deste gênero e debater o trabalho dos meios de comunicação. O escritor também faz uso de um recurso quase cinematográfio ou de série policial ao apresentar data, hora e local na mudança de cada ação. Desta forma, oferece a oportunidade ao leitor exigente de reler, voltar e até comparar as tramas que são apresentadas e que vão se cruzando. Além disso, a maior parte dos diálogos é resultado de transcrições de escutas telefônicas. A intenção, diz ele, foi reconstruir de forma fiel os sentimentos e os dilemas vividos naquele período. Pêssoa lembra que, para a Operação Lince, foram liberados recursos vultusos para a segurança pública, naquele momento confusa e desmoralizada. As diversas investidas fracassadas na prisão de Seco e sua quadrilha resultaram em mortes – de crimonos e inocentes – o que revelava a situação precária da polícia. “Naquele momento, como ainda hoje, a divisão e disputa entre as policias; a interferência política e partidária, e a febre dos grampos telefônicos são alguns dos vários problemas no setor”, avalia. Para ele, “Banguela” deveria ser usado na Academia da Polícia para discussão, reflexão e na formação de novos agentes. Mesmo de forma não intencional, conta Pêssoa, o livro será lançado na mesma data de uma investida policial em um camping no litoral norte do Rio Grande do Sul, em 2006, para prender o líder da quadrilha. A ação foi apontada como desastrosa porque resultou na morte de um menino de 3 anos. “Banguela” pode ser encontrado nas livraria Palavraria, Bamboletras, Palmarica e Erico Verissimo. Além de ter o formato digital no site www.banguela.net. 6h276j

Atualmente, Pessôa divide seu tempo entre a Alemanha e a Grã-Bretanha. No Reino Unido, desenvolve pesquisa de doutorado em Estudos do Desenvolvimento. Seu foco de pesquisa é Democratização e Sociedade Civil na África Austral. Em Bonn, atua como jornalista na Deutsche Welle, uma das maiores emissoras de notícias do mundo, trabalhando com temas brasileiros e africanos. Na área acadêmica, além do doutorado em andamento, possui mestrado em Sociedade Civil e Governança Democrática na Universidade de Osnabrueck, na Alemanha, com bolsa de políticas publicas e governança do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico.
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